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Notas sobre Educação

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(Notas – ainda atuais – de um diário de 2018)

1 – Educação e Autoridade

Uma das principais características da pedagogia medieval era a noção de autoridade: nas soluções para um problema intelectual, apelava-se 1) as Escrituras, 2) a Aristóteles e 3) aos grandes intérpretes tradicionalmente instituídos. Ficava excluído, inicialmente, o espírito de livre exame. E isso não era nenhum prejuízo, pelo contrário, aquele que no debate se metia sabia a origem e o desenvolvimento do assunto, o status quaestionis.

Algo absurdamente diferente dos nossos dias, onde o desconhecimento das origens e do desenvolvimento das ideias circulantes por parte de muitos que estão envolvidos nos debates públicos e acadêmicos, chega a ser algo vergonhoso. E pior: às vezes, muitas dessas pessoas acabam sendo colocadas em tal evidência que se tornam pontos de referência ao debate. Nesse sentido, por mais desgosto que você tenha pela idade média, perto dos grandes debates que aconteciam nas universidades medievais, por exemplo, muito da gritaria atual parece um balaio de gatos histéricos.

2 – Professores para quê?

Acredito que todos os cursos de formação de professores no país deveriam ter por obrigatória a leitura do livro Professores para quê?, de Georges Gusdorf. O que Gusdorf ali expõe é o essencial, o mais profundo, legítimo e necessário ensinamento para professores, novatos ou atuantes. Atrevo-me a colocá-lo ao lado de obras educativas como de A.D. Sertillanges (A vida intelectual), Jean Guitton (O trabalho intelectual), Louis Riboulet (Rumo à Cultura), Gilbert Highet (A arte de Ensinar), James Schall (Another Sort of Learning), Jules Payot (O Trabalho Intelectual e a Vontade) e Olavo de Carvalho (COF).

3 – Justificativas forçadas

Não é raro presenciar situações nas quais professores, indignados com alunos que questionam a validade da sua disciplina em suas vidas, respondem de modo a deixar claro que tampouco eles próprios compreendem a validade e o significado do que ensinam. Muitos são os professores que procuram justificar suas disciplinas demonstrando uma indignação histérica e difusa diante do fato de pessoas não perceberem coisas que, a seu ver, deveriam ser clarividentes. Em suas respostas, fica evidente que estão forçando um significado imediatista, uma justificativa profissional ou uma importância civil daquilo que ensinam. São raros os professores capazes de identificar a sua disciplina dentro do quadro geral da história da educação e reconhecer seu real valor dentro do desenvolvimento cultural, científico e filosófico da civilização ocidental. É constrangedor ouvir quando isso acontece. Soa como um anão menosprezando pessoas baixas por sua estatura.

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